Homens procuram menos médico porque trabalham mais, diz ministro da Saúde.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que os homens procuram menos os serviços de saúde porque “trabalham mais” que as mulheres e “são os provedores” da maioria das famílias.De acordo com pesquisa feita pela ouvidoria do Ministério da Saúde em 2015, quase um terço (31%) dos homens brasileiros não tem o hábito de ir aos serviços de saúde para acompanhar seu estado de saúde e buscar auxílio na prevenção de doenças e na qualidade de vida. A sondagem feita com 6.141 homens cujas parceiras fizeram parto no Sistema Único de Saúde (SUS) aponta que em muitos casos, os homens pensam que não ficam doentes ou têm medo de descobrir doença.Apesar dessa conclusão, ao ser questionado por jornalistas sobre os motivos que levam a esse cenário, Barros respondeu se tratar de “uma questão de hábito, de cultura, até porque os homens trabalham mais, são os provedores da maioria das famílias e não acham tempo para se dedicar à saúde preventiva”.

O horário de funcionamento das unidades de saúde foi apontado por apenas 2,8% dos homens entrevistados como motivo para não irem aos serviços de saúde. A maioria (55%), justifica que procura mais somente em casos urgentes. Outros 17,4% alegam utilizar a rede privada e 14,5% reclamam da demora no atendimento.O resultado da busca tardia pelo serviço de saúde é que, em média, os homens vivem sete anos a menos que as mulheres. Segundo a última pesquisa do IBGE, enquanto a expectativa de vida dos homens alcançou 71 anos, entre as mulheres, a expectativa é de 78 anos.

As causas que mais matam a população masculina são as externas, (acidentes de trânsito e situações de violência), seguido de doenças do aparelho circulatório, câncer e enfermidades do aparelho digestivo, situações em que parte dos óbitos poderia ser evitada se houvesse prevenção ou diagnóstico cedo.

Cartilha

Com o objetivo melhorar tais indicadores, o Ministério da Saúde lançou o Guia do Pré-Natal do parceiro e o Guia da Saúde do Homem para agente comunitário de saúde. O objetivo é aproveitar homens que acompanham a parceira no momento do Pré-Natal para que façam exames preventivos.“Alguns pilotos de capacitação com profissionais de saúde já foram feitos na Bahia, São Paulo e Paraná. Nossa ideia é mostrar a forma triangular da família e sair daquele binômio mãe e filho. Algumas unidades de saúde já atendem em horário ampliado para atrair os homens”, afirmou Francisco Norberto, coordenador da saúde do homem da pasta.

Serão feitas capacitações de agosto a novembro e distribuídos 242.500 exemplares do Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais de Saúde. A publicação orienta e incentiva o homem a exercer a paternidade desde o planejamento reprodutivo do casal, passando pela fase do pré-natal, parto e atenção às crianças.Dos entrevistados na pesquisa do Ministério da Saúde em 2015 que acompanharam as esposas grávidas, 61% orientações sobre planejamento familiar.

Segundo Noberto, a idéia é promover uma mudança cultural. “É importante que os pontos de atendimento vejam o homem não como visita, mas como parte da família, alguém que tem que ter acesso para acompanhar e aprender a cuidar da criança (…) A ideia é aprimorar esse vínculo para que haja também uma redução da violência doméstica, para que esse homem entenda que também é responsável pelo cuidado filho”, explicou.

Trabalho

De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IGBE feita em 2014, a dupla jornada feminina tem cinco horas a mais que a masculina.

Entre 2004 e 2014, a jornada fora de casa masculina caiu de 44 horas semanais para 41 horas e 36 minutos. A jornada dentro de casa permaneceu em 10 horas semanais.Também de acordo com a Pnad, nesse período de dez anos, a quantidade de lares chefiados por mulheres aumentou 67%, de modo que 11,4 milhões de mulheres passaram a essa condição no período. Já a estatística de homens cresceu apenas 6% no período.