Em Nome da Fé; Bandidos beneficiavam católicos e transportavam drogas

Campo Grande(MS) – Com ajuda de cães farejadores, a Polícia Federal busca drogas em ônibus de turismo em Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, durante a Operação ‘Viagem Santa’, que investiga tráfico interestadual de drogas. Os acusados faziam viagens  graça   para que então fiéis visitassem a cidade e a organização criminosa pudesse levar a droga, despistando  policiais com a viagem turística. Na quinta-feira, a equipe da PF com apoio da Receita Federal fizeram  buscas em vários ônibus da empresa de fachada. 12 ônibus avaliados em R$ 11 milhões seriam usados no esquema.

Um deles foi apreendido e também estão na sede da PF em Dourados. 14 motos,   foram apreendidas durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão.  Os policiais cumprem outros 10 mandados, de prisão temporária.

A organização criminosa criou empresas de turismo religioso de fachada para levarem a droga de MS até a cidade de Aparecida, em São Paulo, onde fica o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, diariamente frequentado por centenas de fieis de todo o Brasil. Para não levanta suspeita,  a organização dizia que a viagem era paga por um cidadão que foi beneficiado por uma promessa  e que custeava transporte, alimentação e hospedagem.

Os mandados são cumpridos em Dourados e Deodápolis. Na operação,  foram sequestrados e bloqueados mais de R$ 10 milhões em bens móveis, imóveis da organização criminosa e de valores depositados em contas bancárias dos investigados, além de 12 ônibus avaliados em mais de R$ 11 milhões  em  44 ordens judiciais. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal da Cidade de Dourados. De acordo com a PF, a investigação começou em 2019 depois da  apreensão de mais de meia tonelada de cocaína em ônibus de transporte de passageiros que seguia para São Paulo, também 400 quilos de maconha, em compartimentos ocultos.

À época das apreensões, os motoristas foram responsabilizados pelo transporte da droga. No entanto, a investigação apurou que se tratavam de empresas de fachada – todas sediadas em Dourados -, criadas para o transporte interestadual da droga e lavagem do dinheiro do tráfico.

A organização criminosa era dividida em três núcleos: um era responsável pela logística de carregamento e transporte da droga; outro pelo agenciamento das viagens e pelo recrutamento dos passageiros e o outro pela lavagem de dinheiro. Na verdade, todos os custos da viagem eram bancados com o lucro da venda da droga que era transportada nos ônibus.

Da redação

Foto Marcos Morandi/ Midiamax Dourados