Ouça; Diretor do Gamaleya, diz que ANVISA mentiu por pressão política

Campo Grande(MS) – A Anvisa, agência reguladora, negou o pedido dos estados para importar a vacina Sputnik V, produzida  pelo instituto Gamaleya, da Rússia.  A Anvisa  entendeu que a vacina pode trazer riscos à saúde, contendo falha de segurança.

Na produção da Sputinik V há um componente chamado adenovírus, que é responsável por produzir uma reposta imune nas pessoas, se mostrou capaz de se reproduzir, podendo causar doenças, ou se acumular nos rins, como explicou os técnicos da Anvisa na reunião feita na segunda-feira (26).

Outro argumento foi o de falhas e pendências na documentação apresentada pelo fabricante. Os diretores falaram de falta de informações conclusivas sobre efeitos adversos. De acordo com o painel de análises da Anvisa, 15% dos documentos não foram apresentados e 63% estão incompletos.

Na semana passada duas equipes da Anvisa, estiveram na Rússia para verificar o cumprimento de boas práticas de fabricação em duas empresas que produzem a Sputnik V. Os diretores classificaram a visita como “frustrante”, pois os técnicos brasileiros não tiveram acesso ao local onde é produzida a matéria-prima da vacina, e não conseguiram descobrir onde seria fabricada a vacina que viria para o Brasil. Os diretores negaram o  pedido de importação mas reafirmaram que a decisão foi tomada com base na ciência, em critérios técnicos, como explicou o diretor- relator Alex Campos

Os primeiros estudos da Sputnik V, em dezembro do ano passado, mostraram  uma eficácia de mais de 91%. Neste mês, o instituto informou que  depois de analisar 4 milhões de vacinados, a eficácia, é de mais de 97%. O Gamaleya não forneceu à Anvisa os dados da pesquisa e afirmou que 61 países já negociaram com a Rússia.

A Anvisa procurou os  países e descobriu que em 23 deles, a vacina ainda não começou a ser usada. No Brasil, dez estados tiveram o pedido negado, entre eles Bahia, Maranhão e Pernambuco e depois  Rondônia e Pará. A Anvisa vai responder os pedidos à medida que terminar o prazo de 30 dias para análise, e espera que a Rússia forneça as informações que permitam a análise completa da vacina.

O Outro lado; O  diretor do Centro Gamaleya de Moscou, Aleksandr Gintsburg, informou que  ANVISA não solicitou nenhuma visita ao local de fabricação do imunizante contra covid-19, e acredita que o motivo da agência decidir pela não autorização da vacina possa estar ligado às pressões políticas exercidas pelos Estados Unidos. Na imprensa internacional  Kirill Dmitriev, diretor do fundo que financiou o desenvolvimento da vacina Sputnik V, classificou a rejeição à importação do imunizante russo contra a Covid-19 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como resultado de uma possível pressão política externa “para não deixar a Sputnik entrar no país”. E ainda classificou a Anvisa como mentirosa e antiprofissional.

No  perfil oficial da vacina Sputnik V, da Rússia, no Twitter,  Kiril desafiou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a realizar debate público sobre a eficácia do imunizante.

Da redação

Foto Pedro Campus/ Agência Senado