Comitê Olímpico dos EUA pede desculpas por atitude de nadadores: 'Inaceitável'

O Comitê Olímpico dos Estados Unidos divulgou uma nota oficial na noite desta quinta-feira lamentando a conduta dos nadadores da delegação que se envolveram no incidente sobre um suposto assalto no Rio de Janeiro.No comunicado, órgão lamentou o ocorrido dizendo que a conduta não representa o valor da equipe dos EUA e afirmou que vai analisar com calma o ocorrido.”O comportamento destes atletas não é aceitável, não representa os valores do Time USA ou a conduta da maioria dos membros. Nós vamos rever o caso e qualquer potencial consequências quando os atletas retornarem aos Estados Unidos”, disse parte do comunicado.

Veja o comunicado na íntegra: 

Do presidente do Comitê Olímpico dos Estados Unidos, Scott Blackmun:

Dois nadadores olímpicos dos EUA (Gunnar Bentz e Jack Conger) deram declarações às autoridades locais hoje a respeito do incidente relatado pela primeira vez no domingo, dia 14 de agosto de 2016. Seus passaportes foram liberados e eles deixaram o Rio.

Depois de prestar depoimento no início da semana, uma terceira parte (James Feigen) deu um novo depoimento esta noite, com a esperança de obter a liberação de seu passaporte o mais rápido possível.

Trabalhando em colaboração com o Consulado dos EUA no Rio, nós coordenamos a cooperação dos atletas com as autoridades locais e garantimos a sua segurança durante todo o processo, mas não vimos os depoimentos completos fornecidos por Bentz e Conger.

No entanto, entendemos que eles descreveram os eventos que muitos têm visto no vídeo de vigilância tornados públicos hoje. Tal como entendemos que os quatro atletas (Bentz, Conger, Feigen e Ryan Lochte) deixaram a Casa França no início da manhã do domingo 14 de agosto em um táxi com destino à Vila Olímpica. Eles pararam em um posto de gasolina para irem ao banheiro, onde um dos atletas cometeu um ato de vandalismo. Houve uma discussão entre os atletas e dois seguranças do posto, armados e que exigiram que os mesmos fizessem o pagamento em dinheiro. Uma vez que os seguranças receberam o dinheiro dos atletas, eles foram liberados para irem embora.

Antes da divulgação do comunicado, o inquérito feito pelas autoridades brasileiras apontouque os atletas não foram assaltados, mas que teriam se envolvido em uma confusão em um posto de gasolina. A conclusão é feita com base em imagens de câmeras de monitoramento, colhidas pela investigação, que tentou refazer o trajeto dos nadadores norte-americanos.Segundo a Polícia, Lochte, Feigen, Bentz e Conger pararam em um posto de gasolina próximo à Casa França. No local, eles teriam iniciado uma discussão com seguranças, danificando, inclusive, a porta de um banheiro. O caso é acompanhado pessoalmente pelo chefe de Polícia Civil do Rio, Fernado Veloso, e conduzido pelo delegado Alexandre Braga, da Delegacia Especial de Apoio ao Turismo.

Suspeitas

Na noite de terça, Lochte, já nos Estados Unidos, concedeu entrevista, portelefone, à “NBC” e alterou alguns detalhes de sua versão dos fatos, acrescentando mais dúvidas sobre o polêmico assalto. Desta vez, o nadador de 32 afirmou que o assalto não aconteceu quando voltavam de táxi para a Vila Olímpica, mas em um posto de gasolina.”Eles foram até o banheiro do posto de gasolina. Voltaram ao táxi e pediram para que o motorista seguisse viagem, mas ele não se mexeu”, explicou o jornalista Matt Lauer, da “NBC”, que conversou com Lochte.”Foi então quando dois homens os abordaram com pistolas e distintivos da polícia”, seguiu.Inicialmente, os quatro nadadores disseram que homens armados se fizeram passar por policiais e obrigaram o táxi, onde por volta das 4 horas retornavam de uma festa, a parar.A outra incoerência revelada pela “NBC” em respeito a história original contada pelos nadadores seria que Lochte não teria ficado com uma arma na cabeça, mas que os supostos ladrões teriam apenas apontado a pistola.Essas mudanças nas declarações de Lochte acontecem em um momento complicado para seus companheiros Bentz e Conger, que na quarta foram impedidos pelas autoridades brasileiras de retornar para os EUA. Lochte e Feigen tiveram seus passaportes apreendidos.As versões dos atletas e o vídeo que mostra a chegada dos americanos na Vila Olímpica horas depois do suposto assalto levaram a polícia a abrir uma investigação para verificar a veracidade dos depoimentos dos nadadores.A Justiça pediu na quarta que os passaportes dos atletas fossem apreendidos e eles foram proibidos de deixar o país, no entanto, Lochte e Feigen já haviam retornado para os EUA.

‘ARRUAÇA’

Em entrevista aos programas “RJTV” e “Jornal Hoje”, ambos da TV Globo, o chefe Polícia Civil, Fernando Veloso, disse nesta quinta-feira que os nadadores causaram danos ao posto de gasolina na Barra da Tijuca e que as imagens gravadas desmentem a versão deles.

“Eles param, vão ao banheiro e começam uma série de arruaças. São homens grandes, atléticos. Dá para ver perfeitamente que são os atletas [americanos]. Eles causam um dano as instalações desse posto de gasolina. A perecia técnica da policia civil está sendo acionada para fazer o trabalho dela e produzir os laudos que constatarão esse dano”, disse Veloso, ao ver as imagens das câmeras de segurança do posto de gasolina.Ao ver as imagens em que o quarteto deixa o banheiro e ingressa em um táxi parado no posto de gasolina, Veloso novamente desmente a versão contada pelos americanos.”Mais uma parte do relato que não bate. Não houve troca de taxi, não houve abordagem no meio da rua. O taxista estava parado. Eles estavam no posto de gasolina. A história deles é descontruída pelas imagens das câmeras de segurança”, disse ele.

“Eles estavam sob efeito de bebida alcoólica”, afirmou em seguida.

“É importante esclarecer o que ocorreu. A história que foi contada é que atletas olímpicos estrangeiros teriam sofrido alguma violência, mas não foi isso. É [criar essa história] é muito grave”, concluiu Veloso.

 

 Da redação

Foto.  EFE/EPA/PATRICK B. KRAEMER